domingo, julho 22, 2007

Língua Portuguesa: sua paixão


Em todos os livros que ele lia ou estudava, fazia anotações, como na foto (clique para ampliar).
Era uma maneira de estudar a língua que tanto amava.
Na sua casa os livros estavam por toda parte. Na mesa da cozinha, nos aparadores, nas estantes, em cadeiras. Os de estudo estavam sempre juntos para consultas, como esse da foto.
Depois de aposentado chegou a me ensinar gramática, que eu detestava. Nunca consegui entender direito Análise Sintática, mas ele entendia muito. Chegou a fazer um livro sobre isso que, infelizmente, não chegou a ser publicado. E outro sobre verbos.
Muitas pessoas pediam a ele para redigir discursos ou cartas.
Ele escrevia muito bem.

Algumas de suas poesias


























A ILHA DA SAUDADE

A mocidade é linda melodia,
De cujo terno canto não se esquece.
Se vai bem longe vira nostalgia,
Que não tem fim e quase sempre cresce.

Lembrança tal conosco faz porfia,
E nunca, em tempo algum, desaparece.
Se dá prazer também traz agonia,
Que fere alto e fundo quem padece.

O tempo vai rolando e nunca pára...
E agora os nossos olhos já cansados,
Cobertos de neblina tão amara,

Parecem uma ilha na verdade,
Pois ficam longamente assim cercados,
Das águas que despontam da SAUDADE!


Atibaia, 1º/7/66
Lázaro Siqueira







BARQUINHO DE PAPEL


Já sou desenganado navegante,
no mar bravio e alto da existência.
Meu barco não consegue ir avante,
e geme, e torce, e salta com freqüência.

Enormes vagas vão, a seu talante,
fendendo o meu barquinho, sem clemência.
E ele, o pobre, sempre vacilante,
trepida, range e pula com ardência.

O meu barquinho sobe, desce e treme,
empina, vibra e ruge com fragor,
até que perde, enfim, o próprio leme.

Assim a pique vai o meu batel,
a pique, assim, já foi o meu amor,
amor desfeito, barco de papel.


Jundiaí, 9/3/63
Lázaro Siqueira







BERENICE

Peleja longa, rija, crespa e dura,
Foi desde cedo minha pobre vida.
Lutei com fé, com tento e com lisura,
Topando mil tropeços na corrida.

Por perto andei na rua da amargura,
Os pés sangrando em cada arremetida.
Se tive um dia um pouco de ventura,
Deveu-se ao Bem que fiz com tanta lida.

Sou pobre mas ou dono dum tesouro,
Que pesa na balança com tal brilho,
Valendo algo mais que muito ouro.

Se pobre assim cheguei até a velhice,
Riqueza imensa tenho em cada filho,
Mormente na caçula Berenice.

Jundiaí, 1963
Lázaro Siqueira.



Alguns de seus amigos


Primeiro à esquerda.

Sr. Lazinho e seus netos


Ficaram faltando alguns!
Publicarei assim que tiver as fotos.

A música na vida do Sr. Lázaro


Conjunto formado com amigos. Ele está sentado com o violino.
Papai tocava alguns instrumentos. Infelizmente eu não pude ver, pois quando eu nasci ele já havia deixado de tocar e terminado com a Banda.
Meu irmão me conta que ele tocava clarinete acompanhando minha mãe ao piano. Fico imaginando a cena e o quanto isso deveria ser maravilhoso.
Quando eu morava em Jundiaí e ele ficava no cartório em Jarinu, passava alguns dias da semana conosco. Assim que ele chegava em casa, eu tinha por hábito (ou a pedido dele?) escovar o seu chapéu de feltro ( a estrada era de terra, não havia asfalto), ele tomava banho e sentava-se na varanda da nossa casa. Então ele pedia para que eu colocasse um disco na vitrola "Sonata" que era da minha irmã. Eu me lembro que ele gostava muito do Paganini. Gostava de Tchaikovsky, Grieg e Rimsky-Korsakov, entre tantos outros. Colova os discos confome me pedia e eu ficava ao seu lado ouvindo.
Anos depois eu tentei tocar violão e ele me ensinou como afinar o instrumento e alguns acordes. Não deu certo.

Banda XV de Novembro


O maestro, Sr. Lazinho, estava de perfil. Foto tirada em frente a igreja Nossa Senhora do Carmo, em Jarinu.

Suas irmãs


Suas irmãs, cunhados e esposa, numa reunião familiar. Ficou faltando seu irmão que era falecido na ocasião dessa reunião.

Sua esposa





















Elza de Vasconcelos

Seus pais




















Meus avós, Maria Osório e Francisco Alves de Siqueira Jr.

segunda-feira, julho 16, 2007

Seus dez filhos:




Meu irmão está em primeiro lugar da direita para a esquerda, quando deveria ser o segundo. Por ordem de idade! Eu sou aquela "espremida" junto ao muro.

Apresentando o Sr. Lázaro Siqueira







1907 - 22 de setembro, nascimento em Atibaia, SP, na residência de sua avó materna, Sr. Vicência Maria da Conceição.

1908/1915 - residiu em Campo Largo, comarca de Atibaia, com seus pais.

1915/1917 - residiu em Campo Largo de Atibaia, como era chamado o Jarinu de hoje.

1917/1920 - Estudou no Grupo Escolar José Alvim, em Atibaia, morando com seus avós maternos.

1921/1922 - Estudou no Ginásio Santista dos Irmãos Marista, em Santos. Morou com seus tios.

1923/1928 - Trabalhou no Registro Civil como escrevente, e na máquina de beneficiar café, de propriedade do pai.

1924 - Organiza, com amigos, orquestra composta de 2 violinos, 1 clarineta, 1 trompete, 3 bandolins, 1 cavaquinho, 3 violões, 1 caixinha e um baixo.

1927/1928 - Fez o Tiro de Guerra em Jarinu.

1929/1936 - Efetivado como escrevente no Registro Civil em Jarinu, SP, cujo titular era o seu pai.

1932 - Em 15/11 organiza e funda a Corporação Musical 15 de Novembro, composta por 2 requintas, 1 flautim, 7 clarinetas, 3 trompetes, 3 trombones de canto, 3 bombardinos, 2 trompas, 8 saxofones, 4 trombones de harmonia, 4 baixos, 3 bombos e pratos, 3 caixinhas. A corporação foi extinta em 1949. Foi maestro e professor de música.

1933 - Casa-se, em 12 de outubro, com Elza de Vasconcelos , em São Paulo, Capital.

1936/1941 - Oficial Maior no Registro Civil em Jarinu, SP.

1941/42 - Escrivão de Paz interino.

1942/1962 - Titular do registro Civil e anexos do município de Jarinu, SP.

1962 - falecimento de sua esposa Elza.

1963 - Assume cartório em Agudos, SP.

1964 - Aposenta-se com 37 anos de efetivo exercício do cargo de Serventuário da Justiça do Estado de São Paulo.

1964 - Contrai, em primeiro de setembro, segunda núpcias com Ursulina Paulinetti.

1964/65 - reside em Jundiaí, SP.

1965/69 - reside em Atibaia, SP.

1970/74 - reside em São Paulo, SP.

1974/77 - reside em Atibaia, SP.

Em 1976 habilita-se, aos 69 anos, como motorista amador.

1977/83 - reside em Jarinu, SP.

1983/96 - Reside em Atibaia, SP.

1984 - Recebe o título de Cidadão Jarinuense (veja foto acima).

Em 10 de abril de 1996, falece em Atibaia e é sepultado em Jundiaí, SP.

Obs.: Essa cronologia foi elaborada pelo meu irmão , José Maurício de Siqueira.