segunda-feira, setembro 24, 2007

Mais música

Conforme disse meu irmão, essa foto foi tirada em Jarinu. Papai está com sua irmã Quita. E informa mais: a foto que a tia Quita está, é uma mera figuração, pois, que ela nunca tocou instrumento algum, muito menos o bandolin que aparece em suas mãos. E o meu pai também não tocava violão, apenas arranhava, mas sabia afinar para os outros. Testemunhas dessa época, diziam que o conjunto musical que formara era muito solicitado para bailes, e festas e o chamavam de "pé de valsa", alusão ao seu desempenho ao dançar.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Festa do Bairro da Toca






Poderia ter ido a muitas, mas não fui. Talvez faltasse uma motivação maior, ou uma divulgação melhor, o fato é que a lembrança mais remota dessa festa remonta há uns 65 anos. E o fato mais marcante foi uma sopa muito quente servida ao anoitecer, e só a tomei com a ajuda da minha mãe que a esfriava assoprando. A banda musical 15 de Novembro lá ia animar a confraternização na sua maioria habitante local, e também grande número de visitante. Eu era o mascote da banda, e o meu pai o regente. Quando da primeira vez que fui, a festa já estava, talvez, na sua 36ª edição.
O louvor a São Roque e N.S. da Gloria, é até hoje uma tradição consagrada. Há 101 anos ela se repete. Os bambuzinhos e as bandeirolas de papel, já não ocupa mais o seu espaço de outrora. Um enorme galpão de alvenaria abriga dezenas de mesas e cadeiras. Foram três finais de semanas de confraternização, e todas com muita fartura gastronômica.
O Senhor Nivaldo Fontebasso, com 85 anos se lembra da Banda 15 de Novembro e do Maestro Lazaro Siqueira, de quem foi amigo pessoal. O Senhor Irineu Galvão vendo uma foto de 1938 da banda, afirmou que o seu pai tem guardado uma igual.
O bairro da Toca fica em Jundiaí, entre os bairros da Roseira e Caxambu.

1º/9/07. (JMS)

segunda-feira, agosto 27, 2007

Finalizando o Blog

Ler essas cartas que aqui publiquei causou-me saudades e comoção. Foi difícil mas era necessário. Sem elas a homenagem a meu pai ficaria incompleta.
Espero que todos tenham gostado e ficaria muito grata se me enviassem comentários, depoimentos, outras fotos ou cartas para que eu pudesse incluir aqui.
Quem quiser, pode me enviar pelo e-mail: doris.rabello@uol.com.br


Agradeço.
Berenice

Bênçãos do Pai


Criativo com as palavras !


Preparando a história de Jarinu


Marcando encontros


Recebendo 80 beijinhos !


terça-feira, agosto 14, 2007

Coisas que só um pai pode enxergar !


O bom-humor e a preocupação política


Saudades dos filhos !

























Algumas das inúmeras cartas




Papai adora escrever cartas e tenho muitas guardadas. Vou publicar algumas para mostrar um pouco do pai amoroso e preocupado que era.
Quando pequena, ainda imatura, achava-o severo, ríspido e pouco carinhoso. Com o tempo isso mudou.
Agora, já adulta, posso compreendê-lo e entender sua postura diante dos filhos.
Eram dez para alimentar, educar, vestir.
Hoje eu entendo e o admiro mais.
Veja as cartas e entenda o que estou querendo dizer. Para ler, é preciso clicar nelas para ampliar.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Festa em família!




A primeira e terceira foto: foi no sítio em Jarinu, comemorando algum aniversário.
A foto do meio foi em Atibaia,o parque das águas.
Todas as fotos em momentos alegres e inesquecíveis.


Natal no Spiandorello


Ele em primeiro plano, sua esposa, netas e filha. Nesse local o prato principal era polenta frita (que delícia!), frango a passarinho, macarronada e saladas. Antes, uma caipirinha, claro! Eram deliciosas essas reuniões, ocasião onde matávamos as saudades, colocávamos a conversa em dia e as fotografias pra registrar. A foto dele com os netos, publicadas anteriormente, foi nesse mesmo local.

Culinária




Papai tinha o hábito de comer aos poucos. Depois do café da manhã, almoçava em duas etapas. No jantar a mesma coisa. Dizia que era pra não sobrecarregar o estômago. A digestão ficava mais fácil. Hoje nós sabemos disso, mas eu achava isso muito estranho na época.
Comia de tudo um pouco. Preferia as carnes magras, peixe, legumes e verduras. Muita verdura. Gostava muito de laranja, não podia faltar. Também gostava de doces caseiros. Nos intervalos, quando podia, adorava balas. Era do seu costume, quando ia às compras em São Paulo, comprar balas Sonksen recheadas de frutas. Uma delícia que não dá pra esquecer.
Me lembro de um prato que ele comia em Jarinu e que até hoje fico com vontade quando me lembro: cambuquira com feijão! Pra quem não sabe, cambuquira é o broto da abóbora. Refoga-se a cambuquira e coloca no feijão e, se quiser, uma farinha de milho bem fresca.
Quando pequenos, nos reuníamos todos pra refeição. Era uma hora sagrada, nada de barulho e confusão.
Depois de todos crescidos e morando longe, fazia questão de reunir a família em duas ocasiões: Natal e aniversários.
Como a família cresceu muito, não era possível reunir todos em uma casa, com tanta criança. Então costumávamos nos reunir no Spiandorello, em Caxambú (perto de Jundiaí). Vou postar algumas fotos pra ilustrar isso. A foto acima era no sítio de umas filhas, mas não me lembro a época. Não sei se era Natal ou algum aniversário.

Seus hábitos





Papai era um homem de hábitos simples. Gostava de dormir e acordar cedo.
Fazia seu próprio café bem cedinho e já ficava aguardando o jornal diário (O Estado de São Paulo) que lia com muito gosto. Lia na mesa da cozinha e só saia de lá quando terminava toda a leitura. Se havia alguma coisa interessante pra recortar, fazia uma marca no canto superior direito. Costumava recortar artigos de literatura, efemérides, e outros.
Caminhava muito, pois dizia que o exercício era fundamental para um coração forte. Eu fui, durante muito tempo, sua companheira para longas caminhadas. Era duro acompanhar seus passos. Sou "andarilha" até hoje.

Literatura

A primeira lembrança que me vem à mente, quando se trata de livros, são os livros enormes que papai tinha no cartório. Me lembro deles e a facilidade com que manejava tais livros, que pra mim, criança, tinham tamanhos descomunais.
Os livros sempre fizeram parte da vida de meu pai. Seja no seu trabalho ou no seu tempo de entretenimento.
Ele me contava que, quando moço, sempre juntava um dinheirinho para comprar livros quando ia a São Paulo. Foi assim que começou a sua biblioteca.
Meus irmãos devem saber melhor do que eu, mas me lembro de alguns de seus autores favoritos: Camilo Castelo Branco, Alexandre Herculano, José de Alencar, Machado de Assis, Aluizio Azevedo, Augusto dos Anjos, as poesias de Alphonsus de Guimarães entre tantos outros. Dos contemporâneos, me lembro que leu muitos do Josué Montello, Sólon Borges dos Reis, Zelia Gattai (não gostava do marido) e tudo o que havia de Francisco da Silveira Bueno, de quem era fã.

sábado, agosto 04, 2007

Cinema


Papai adorava cinema. Seu filme predileto era "Scaramouche".
O cinema, depois da literatura, era seu passatempo predileto. O primeiro filme que vi no cinema eu tinha cinco anos, foi "O maior espetáculo da terra". O cinema estava lotado e ele ficou em pé durante toda a exibição, me carregando. Outro fato de que me lembro bem, era o Cine Polyteama, que ficava perto de casa. As poltronas não eram estofadas e era desconfortável ficar durante duas horas sentado nelas. Toda vez que íamos nesse cinema, não havia dúvidas: ele levava uma almofada...

domingo, julho 22, 2007

Língua Portuguesa: sua paixão


Em todos os livros que ele lia ou estudava, fazia anotações, como na foto (clique para ampliar).
Era uma maneira de estudar a língua que tanto amava.
Na sua casa os livros estavam por toda parte. Na mesa da cozinha, nos aparadores, nas estantes, em cadeiras. Os de estudo estavam sempre juntos para consultas, como esse da foto.
Depois de aposentado chegou a me ensinar gramática, que eu detestava. Nunca consegui entender direito Análise Sintática, mas ele entendia muito. Chegou a fazer um livro sobre isso que, infelizmente, não chegou a ser publicado. E outro sobre verbos.
Muitas pessoas pediam a ele para redigir discursos ou cartas.
Ele escrevia muito bem.

Algumas de suas poesias


























A ILHA DA SAUDADE

A mocidade é linda melodia,
De cujo terno canto não se esquece.
Se vai bem longe vira nostalgia,
Que não tem fim e quase sempre cresce.

Lembrança tal conosco faz porfia,
E nunca, em tempo algum, desaparece.
Se dá prazer também traz agonia,
Que fere alto e fundo quem padece.

O tempo vai rolando e nunca pára...
E agora os nossos olhos já cansados,
Cobertos de neblina tão amara,

Parecem uma ilha na verdade,
Pois ficam longamente assim cercados,
Das águas que despontam da SAUDADE!


Atibaia, 1º/7/66
Lázaro Siqueira







BARQUINHO DE PAPEL


Já sou desenganado navegante,
no mar bravio e alto da existência.
Meu barco não consegue ir avante,
e geme, e torce, e salta com freqüência.

Enormes vagas vão, a seu talante,
fendendo o meu barquinho, sem clemência.
E ele, o pobre, sempre vacilante,
trepida, range e pula com ardência.

O meu barquinho sobe, desce e treme,
empina, vibra e ruge com fragor,
até que perde, enfim, o próprio leme.

Assim a pique vai o meu batel,
a pique, assim, já foi o meu amor,
amor desfeito, barco de papel.


Jundiaí, 9/3/63
Lázaro Siqueira







BERENICE

Peleja longa, rija, crespa e dura,
Foi desde cedo minha pobre vida.
Lutei com fé, com tento e com lisura,
Topando mil tropeços na corrida.

Por perto andei na rua da amargura,
Os pés sangrando em cada arremetida.
Se tive um dia um pouco de ventura,
Deveu-se ao Bem que fiz com tanta lida.

Sou pobre mas ou dono dum tesouro,
Que pesa na balança com tal brilho,
Valendo algo mais que muito ouro.

Se pobre assim cheguei até a velhice,
Riqueza imensa tenho em cada filho,
Mormente na caçula Berenice.

Jundiaí, 1963
Lázaro Siqueira.



Alguns de seus amigos


Primeiro à esquerda.

Sr. Lazinho e seus netos


Ficaram faltando alguns!
Publicarei assim que tiver as fotos.

A música na vida do Sr. Lázaro


Conjunto formado com amigos. Ele está sentado com o violino.
Papai tocava alguns instrumentos. Infelizmente eu não pude ver, pois quando eu nasci ele já havia deixado de tocar e terminado com a Banda.
Meu irmão me conta que ele tocava clarinete acompanhando minha mãe ao piano. Fico imaginando a cena e o quanto isso deveria ser maravilhoso.
Quando eu morava em Jundiaí e ele ficava no cartório em Jarinu, passava alguns dias da semana conosco. Assim que ele chegava em casa, eu tinha por hábito (ou a pedido dele?) escovar o seu chapéu de feltro ( a estrada era de terra, não havia asfalto), ele tomava banho e sentava-se na varanda da nossa casa. Então ele pedia para que eu colocasse um disco na vitrola "Sonata" que era da minha irmã. Eu me lembro que ele gostava muito do Paganini. Gostava de Tchaikovsky, Grieg e Rimsky-Korsakov, entre tantos outros. Colova os discos confome me pedia e eu ficava ao seu lado ouvindo.
Anos depois eu tentei tocar violão e ele me ensinou como afinar o instrumento e alguns acordes. Não deu certo.

Banda XV de Novembro


O maestro, Sr. Lazinho, estava de perfil. Foto tirada em frente a igreja Nossa Senhora do Carmo, em Jarinu.

Suas irmãs


Suas irmãs, cunhados e esposa, numa reunião familiar. Ficou faltando seu irmão que era falecido na ocasião dessa reunião.

Sua esposa





















Elza de Vasconcelos

Seus pais




















Meus avós, Maria Osório e Francisco Alves de Siqueira Jr.

segunda-feira, julho 16, 2007

Seus dez filhos:




Meu irmão está em primeiro lugar da direita para a esquerda, quando deveria ser o segundo. Por ordem de idade! Eu sou aquela "espremida" junto ao muro.

Apresentando o Sr. Lázaro Siqueira







1907 - 22 de setembro, nascimento em Atibaia, SP, na residência de sua avó materna, Sr. Vicência Maria da Conceição.

1908/1915 - residiu em Campo Largo, comarca de Atibaia, com seus pais.

1915/1917 - residiu em Campo Largo de Atibaia, como era chamado o Jarinu de hoje.

1917/1920 - Estudou no Grupo Escolar José Alvim, em Atibaia, morando com seus avós maternos.

1921/1922 - Estudou no Ginásio Santista dos Irmãos Marista, em Santos. Morou com seus tios.

1923/1928 - Trabalhou no Registro Civil como escrevente, e na máquina de beneficiar café, de propriedade do pai.

1924 - Organiza, com amigos, orquestra composta de 2 violinos, 1 clarineta, 1 trompete, 3 bandolins, 1 cavaquinho, 3 violões, 1 caixinha e um baixo.

1927/1928 - Fez o Tiro de Guerra em Jarinu.

1929/1936 - Efetivado como escrevente no Registro Civil em Jarinu, SP, cujo titular era o seu pai.

1932 - Em 15/11 organiza e funda a Corporação Musical 15 de Novembro, composta por 2 requintas, 1 flautim, 7 clarinetas, 3 trompetes, 3 trombones de canto, 3 bombardinos, 2 trompas, 8 saxofones, 4 trombones de harmonia, 4 baixos, 3 bombos e pratos, 3 caixinhas. A corporação foi extinta em 1949. Foi maestro e professor de música.

1933 - Casa-se, em 12 de outubro, com Elza de Vasconcelos , em São Paulo, Capital.

1936/1941 - Oficial Maior no Registro Civil em Jarinu, SP.

1941/42 - Escrivão de Paz interino.

1942/1962 - Titular do registro Civil e anexos do município de Jarinu, SP.

1962 - falecimento de sua esposa Elza.

1963 - Assume cartório em Agudos, SP.

1964 - Aposenta-se com 37 anos de efetivo exercício do cargo de Serventuário da Justiça do Estado de São Paulo.

1964 - Contrai, em primeiro de setembro, segunda núpcias com Ursulina Paulinetti.

1964/65 - reside em Jundiaí, SP.

1965/69 - reside em Atibaia, SP.

1970/74 - reside em São Paulo, SP.

1974/77 - reside em Atibaia, SP.

Em 1976 habilita-se, aos 69 anos, como motorista amador.

1977/83 - reside em Jarinu, SP.

1983/96 - Reside em Atibaia, SP.

1984 - Recebe o título de Cidadão Jarinuense (veja foto acima).

Em 10 de abril de 1996, falece em Atibaia e é sepultado em Jundiaí, SP.

Obs.: Essa cronologia foi elaborada pelo meu irmão , José Maurício de Siqueira.